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segunda-feira, 12 de abril de 2021

HALLELUJAH!! Liga da Justiça, Zack Snyder, Warner, DC, Ray Fisher... Um sem-fim de tretas

Primeiramente, FORA, BOLSONARO! Saudades de quando a preocupação política nesse país era discutir se houve ou não golpe. Tempos mais simples.

Cá estou, ressurgindo das profundezas pra falar sobre o maior fenômeno da cultura pop/nerd dos últimos anos: Zack Snyder's Justice League. A Liga da Justiça de Zack Snyder, o famoso Snyder Cut. Além, é claro, de tudo o que este mero fanboy leu e ouviu e precisa expor de alguma forma sem precisar alugar os ouvidos dos outros que podem não ter paciência pra tanto.

Assim como no filme, vou dividir o texto em partes para tentar organizar melhor os temas. Peço desculpas pelo testamento, pois tem muuuita coisa que eu queria falar.


PARTE 1 - RELEASE THE SNYDER CUT



Antes de começar a escrever este texto, revisitei minha última postagem, exatamente sobre o universo DC no cinema, especialmente sobre Homem de Aço, Batman vs Superman e Liga da Justiça de 2017 (agora chamado Josstice League). Todas as minhas considerações sobre os 2 primeiros filmes permanecem as mesmas, mas é muito curioso (pra não dizer tragicômico) como havia inocência na hora de falar sobre a primeira versão lançada do filme da Liga. O tempo mostrou que realmente não se pode confiar 100% em notas oficiais, entrevistas de elenco e painéis feitos exatamente para promover um produto prestes a ser lançado.

Basicamente, a quase totalidade da história de bastidores divulgada num primeiro momento é falsa ou manipulada para limpar a barra da Warner Bros. O filme de 2017 decepcionou a crítica e, o mais importante, os fãs. Aqui, a Warner foi precursora do mesmo erro que a Disney cometeu com a nova trilogia de Star Wars: teve um filme muito divisivo e que não foi bem recebido pela crítica e parte do fandom e quis mudar radicalmente o direcionamento da sequência com ela já em andamento, com as filmagens finalizadas e já em fase de pós-produção. Descobriu-se que Zack Snyder foi muito mais demitido do que "pedido demissão" (apesar de ter acabado de perder a filha Autumn por suicídio) e foi contratado o diretor Joss Whedon para reescrever enormes partes do roteiro, alterar substancialmente o tom do filme (será discutido mais adiante) e regravar diversas cenas.

O resultado disso foi um filme desconjuntado, retalhado, sem coesão de tom dos personagens, com erros de continuidade entre cenas e até mesmo dentro da mesma cena, repaginação do visual do Lobo da Estepe (tirando sua aparência ameaçadora original)... Fora a exigência estapafúrdia do estúdio de que o filme não ultrapassasse a barreira de 2h de duração. Isso mesmo, um filme que deveria introduzir 3 novos personagens, ao menos 1 vilão e ser o gatilho para duas sequências (Liga da Justiça 2 e 3) e alguns spin-offs (Flash, Cyborg e Aquaman) não poderia durar mais de 2 horas.

Nesse ponto, é possível entender também o motivo do porco trabalho de Whedon. Teve alguns meses e orçamento limitado para reescrever, dizem, 80 páginas de roteiro, regravar cenas e realizar a pós-produção. E tendo que fazer caber tudo em um filme de 2 horas. Era impossível de dar certo e a Warner teve o resultado merecido: um filme de qualidade duvidosa, esquecível, genérico e que fez menos dinheiro do que seu contestado antecessor.

Nesse meio-tempo, Snyder começou a responder fãs dando pistas e finalmente expondo que, sim, existia um corte inteiramente feito por ele, representando a sua visão dos personagens e com a história que ele queria contar. Os fãs não tiveram dúvidas e começaram um movimento de pressão sobre o estúdio para que a versão original do diretor fosse lançada. Nasceu o #ReleaseTheSnyderCut.

Após muita mobilização na internet com petições, twittaços com a hashtag, adesão dos atores (Ray Fisher, Jason Momoa, Gal Gadot, Ben Affleck), faixas durante edições da Comic-Con, lançamento do HBO Max e uma pandemia inesperada que inviabilizou novos lançamentos no cinema e no streaming, em maio de 2020, a Warner finalmente ouviu a voz do povo, viu a oportunidade para fazer um dinheiro e deu a luz verde. Zack Snyder, após uma watchparty de Homem de Aço, chamou Henry Cavill e anunciou oficialmente que a sua versão do filme, o Snyder Cut, seria finalmente lançada oficialmente e com todos os efeitos visuais finalizados.






Fogos de artifício! Festa na ruas! Metaforicamente falando, claro... Foi um movimento calculado da Warner? Lógico. Mas, acima de tudo, vitória dos fãs! Estava aberto o caminho para fazer-se justiça (sem trocadilho) ao fandom, ao elenco, à equipe e ao diretor.


PARTE 2 - ZACK SNYDER'S JUSTICE LEAGUE


Eis que chegou o dia: 18/03/2021. Abandonado o carinhoso apelido extraoficial de Snyder Cut, chega às principais plataformas de aluguel de filmes a "Liga da Justiça de Zack Snyder". Esfregando na cara do público que é um filme (quase) inteiramente do diretor, que ganhou o direito de ter seu nome no título.

E depois de 4 anos, posso dizer que recebi o filme que esperava ver. A estrutura básica da história, logicamente, é a mesma da descartável versão de 2017. Batman tentando recrutar os heróis com a ajuda da Mulher-Maravilha, invasão alienígena que ameaça o planeta e precisam ressuscitar o Superman pra conseguir derrotar o vilão. Dito isso, o resto do filme é substancialmente diferente. A cor, a trilha sonora imensamente superior e marcante, o desenvolvimento dos personagens, cenas novas, cenas que foram usadas em 2017 mas que parecem takes diferentes, humor mais ácido, sarcástico e natural, em vez de uma galhofa forçada em cada cena. As interações entre os personagens são mais interessantes, mais fluidas. Isso sem mencionar as enormes quantidades de histórias alteradas e apagadas.

Cortaram o Darkseid do filme. Esse é o primeiro erro imperdoável cometido pelo estúdio. Darkseid mostrou ser um elemento fundamental não apenas para engatilhar as sequências (que, se Deus permitir, vão ocorrer), mas para o próprio Lobo da Estepe, o principal vilão do filme.

O que dizer do Lobo da Estepe? O visual é incontáveis vezes melhor. Todo o seu arco, sua busca por redenção depois de trair seu líder, ser punido e exilado. Iniciar uma missão de conquista no único mundo que resistiu à invasão há milhares de anos, chegar pertíssimo do sucesso e só ser impedido porque um dos heróis consegue voltar no tempo pra consertar o que deu errado. Fora a surra monumental e impiedosa que tomou de um Superman ligado no beast mode. Eu confesso que em determinado momento da surra cheguei a sentir um pouco de pena.

Mas ninguém, NINGUÉM foi mais prejudicado pela mudança de direção do que Ray Fisher. O ator viu seu personagem ser alterado do vinho para a água em 2017. Este filme atual é tudo o que ele merecia. Enquanto Joss Whedon e a Warner (representada pelos produtores Geoff Johns e Jon Berg) fizeram do Cyborg uma mera ferramenta para achar as Caixas Maternas, Fisher, Snyder e o roteirista Chris Terrio entregam um personagem com um passado bem apresentado, bem desenvolvido e com um arco central e representativo no filme. Nas palavras de todos os envolvidos, o coração do filme. Ressalto, inclusive, que essa seria a primeira vez em que um ator negro teria um papel de suma importância em um dos maiores blockbusters de super-heróis.

A melhor coisa que poderiam fazer por esse filme foi derrubar qualquer barreira de duração. Como já falado, era preciso apresentar minimamente 3 heróis novos, o vilão principal, introduzir Darkseid como a ameaça maior futura, desenvolver seus personagens, dar tempo de tela para que eles interagissem e formassem a equipe de forma natural. Poderia ter menos de 4 horas? Com certeza poderia. Talvez desse pra enxugar uns 30 minutos, não muito mais do que isso, imagino, e ainda assim teríamos um bom resultado no final. Mas não era isso que nós queríamos. Depois de tanto tempo de espera e mobilização, ninguém aceitaria novas amarras criativas podando a criatividade dos cineastas. E tudo aconteceu da melhor maneira.

Eu assisti ao filme 3 vezes. Em todas, as 4 horas passaram naturalmente, sem esforço, sem sofrimento. Fiquei entretido e ligado na tela, absorvendo os diálogos, gravando as imagens, buscando easter eggs. Nas palavras de Ray Fisher neste maravilhoso vídeo: "Esse filme não é uma refeição, é um banquete de 7 dias que não acaba". Assim como ele, em determinado momento da história comecei a pensar "por favor, não acaba, por favor, não pode acabar". Quando fui ver o tempo, restava 1h40min pra acabar. Abri um sorriso e o tempo voou. Poderia ter 8 horas de duração, eu veria feliz da mesma forma.

Ele é perfeito? Apesar do que esse texto faz parecer (hehe), não é. Claro que há problemas. Há algumas inconsistências, principalmente com o filme do Aquaman, e alguns pontos questionáveis na história. Depois de invadir a fortaleza do Lobo da Estepe e se danificar na queda, como a nave do Batman se consertou para aparecer voando no final? O que explica Darkseid ter esquecido que a Terra foi o planeta que resistiu à sua primeira invasão? Por que raios os atlantes usam bolhas de ar pra conversar como "humanos" enquanto estão debaixo d'água e usam outra "língua" para comunicação quando não abrem tais bolhas de ar?

Outro problema do filme: a trilha sonora da Mulher-Maravilha. Eu confesso que esse sim me incomodou todas as vezes que assisti. Neste filme, decidiram adicionar uma parte cantada, que dá um tom de épico grego às amazonas e à Diana. A princípio, nada a reprovar, faz todo o sentido. O problema é que Snyder usa muito exageradamente a parte cantada. Em todo e qualquer momento que Gal Gadot aparece em cena em uma luta, entra o canto. Titio Zeca, a gente entendeu a mensagem a primeira vez e já reforçou na segunda, não precisa cortar o clima da cena e a trilha sonora que já estava tocando pra entrar a câmera lenta e o canto. Depois de tantas vezes, o épico acaba dando lugar ao brega.

Não que fosse algo surpreendente. Como todos sabemos, Snyder tem uma assinatura visual muito forte. O uso da câmera lenta, a construção de cenas bonitas e marcantes, que às vezes parecem saídas diretamente de um quadrinho para a tela. Isso é ótimo na maioria das vezes. Diversos momentos épicos são construídos graças a essa assinatura visual: Superman de frente para o sol com os braços abertos; Batman em cima de um bat-tanque diretamente saído dos quadrinhos de Frank Miller; Aquaman em um píer durante uma tempestade e sendo "engolido" pelas enormes ondas do mar; Diana segurando a flecha de Artemis de frente para o pôr-do-sol na Grécia; a Liga quase completa no início da batalha final contra o Lobo da Estepe; os 6 membros da equipe alinhados com o sol nascendo após a vitória; dentre vários outros. Se houver muito exagero, porém, há o risco de ficar brega. Tem que haver cuidado.




Toda essa construção de imagens, juntamente com a trilha sonora linda, épica e marcante (o tema da Liga é de outro mundo) serve para um propósito: os heróis da Liga são praticamente deuses. Este filme abandona completamente todas as referências de como está o mundo depois da morte do Superman e como a batalha final pode afetar pessoas que morem perto. Estamos vendo algo muito acima das preocupações das pessoas comuns, uma disputa que envolve figuras quase divinas, em escalas maiores do que a mera destruição de uma cidade. Esse foi o lado que Snyder e Terrio resolveram abordar. E, honestamente, ficou muito melhor do que adicionar uma família pro Flash salvar empurrando uma caminhonete e se despedir dizendo "Dostoiévski", como ocorreu em Josstice League.

E o filme ainda termina com:

- A cena maravilhosa do Knightmare, dando ainda mais gosto pelas sequências;

- "For Autumn";

-  "Hallelujah".

Olhos lacrimejam.


PARTE 3 - AS TRETAS DE BASTIDORES


É inacreditável toda a confusão que aconteceu nesse filme. Vai desde curiosidades engraçadas até acusações graves contra Joss Whedon e produtores.

Primeiro, o lado leve e cômico: titio Zeca passou a perna no estúdio no lançamento do filme. Primeiro, resistiu bravamente à tentativa de lançar o filme de maneira incompleta. Era uma manobra esperta da Warner: lançar um filme sem efeitos especiais finalizados e com possíveis imperfeições que demandariam regravações. Assim, calaria os fãs lançando o filme que todos queriam, não teria custos extras e ganharia o argumento de que o filme seria ruim e fizeram certo em mudar toda a direção com a produção em andamento. Snyder bateu o pé e conseguiu que o estúdio liberasse dinheiro, num primeiro momento, para finalizar a pós-produção. Depois, sabendo que dificilmente teria uma sequência, chamou parte do elenco de volta, adicionou novas cenas com tudo o que gostaria de fazer e convenceu o estúdio a fazer o Pix para bancar os custos.

Agora os pontos graves. Acusações graves de racismo e comportamento abusivo no set durante as regravações conduzidas por Joss Whedon. É certo que ele já devia estar sob enorme pressão. Como já citamos, pouco tempo e orçamento limitado para alterar substancialmente a trama e o tom do filme e dos personagens. Para injetar mais humor, todos os personagens foram abobalhados pelo novo roteiro, especialmente Batman e Flash. Aquaman virou um alvo pelas velhas piadas de "falar com peixes". Chegou ao ponto de Jason Momoa, Jeremy Irons (!!!) e Gal Gadot terem sérias discussões com o diretor por causa de falas "ridículas e estúpidas". 

Ao que parece, Whedon chegou a ameaçar a atriz de Mulher-Maravilha e a diretora dos filmes solo, Patty Jenkins. Segundo matéria do The Hollywood Reporter (que você pode, e deve, ler aqui ), o diretor de Vingadores ameaçou deixar a personagem de Gadot como uma idiota se ela não lesse as falas como Whedon as escreveu, além de "tirar o filme de Patty Jenkins assim como tirou (a Liga) de Snyder".

Quem mais sofreu, contudo, foi Ray Fisher. O ator viu seu personagem ser completamente modificado pelo novo roteiro, sem qualquer consulta prévia por parte de Whedon e de Geoff Johns. Saiu-se de um personagem com história prévia bem apresentada, central pro desenvolvimento da trama e com representatividade, para algo descartável, sem um background bem construído, sem todo o arco junto com seu pai. Enquanto a inspiração inicial do ator foi o monstro de Frankenstein, chegou a ser sugerido por Geoff Johns que ele se baseasse no Corcunda de Notre-Dame para fazer um personagem leve, submisso e simpático. Segundo Fisher, chegou a ser dito por executivos da Warner que o filme da Liga da Justiça "não poderia ter como personagem central um negro raivoso". E como cereja do bolo, o "booyah". Um bordão típico do Cyborg na animação Jovens Titãs e que foi abandonado no corte de Snyder, foi empurrado goela abaixo do ator por pressão dos executivos e de Joss Whedon porque, aparentemente, os filhos do alto escalão da Warner queriam ver o único herói negro do filme falar um bordão sem qualquer relevância para a história.

Mais uma vez fica o convite: leiam a matéria do The Hollywood Reporter.


PARTE 4 - RESTORE THE SNYDERVERSE


Depois de tantos problemas com a má recepção de BvS e a produção do Josstice League, a Warner quis se afastar o máximo possível da visão de Zack Snyder e da história que ele queria contar. A ideia passou a ser investir fortemente em filmes solo dos personagens que deram certo, Mulher-Maravilha e Aquaman, produzir um Shazam leve e despretensioso, o excelente Coringa de Joaquin Phoenix... Enfim, largar os planos de universo compartilhado e focar em histórias individuais, sem a necessidade de ligar um filme no outro.

Tudo isso tem um motivo: criar a oportunidade de fazer reboots de personagens que a Warner julgava que deviam ser deixados para trás, como o Cyborg de Ray Fisher, o Batman de Ben Affleck e o Superman de Henry Cavill.

Os acontecimentos recentes confirmam essa intenção:

- Ray Fisher confirmou que não trabalhará na Warner enquanto os responsáveis pelos problemas em Liga da Justiça estiverem ali, como Geoff Johns e o manda-chuva Walter Hamada. Logo, foi cortado do futuro filme do Flash;

- Ben Affleck largou a produção de The Batman, que agora é dirigido por Matt Reeves e tem Robert Pattinson no papel principal;

- Henry Cavill tem situação incerta na DC, mas está em desenvolvimento uma nova história de um novo Superman, com produção de JJ Abrams e roteiro de Ta-Nehise Coates, autor de HQ's do Pantera Negra.

Para tentar justificar tamanha confusão, com Gal Gadot, Jason Momoa e Ezra Miller reprisando seus papéis e novos atores assumindo os outros personagens, a Warner veio com uma resposta: multiverso. Assim, os personagens que fizeram sucesso teriam continuidade, enquanto o Batman de Ben Affleck, Cyborg de Ray Fisher e Superman de Henry Cavill permaneceriam intocados (ou esquecidos) no seu universo, apelidado hoje de Snyderverse. Assim, as novas versões destes personagens estariam em universos separados, de forma a não criar confusão no público.

Só tem um problema: os fãs (eu incluso) não querem esse abandono. O estúdio quer um filme do Batman com o Matt Reeves e o "Battinson"? Ok, façam, o trailer inicial já foi bom. Querem um novo Superman e ousar colocando um ator negro do papel de Calvin Ellis? Excelente, aplausos.

MAS... Se a ideia é fazer um multiverso, então há espaço para todos. Se há espaço para todos, não há motivo para não dar continuidade ao Snyderverse, ainda mais tendo o HBO Max como opção. Se a intenção da companhia é contar histórias diferentes no cinema, ela poderia, uma vez na vida, copiar o que a concorrente Disney faz de bom: lançar o conteúdo exclusivamente no streaming, como ocorre com Wandavision, Falcão e Soldado Invernal e Loki (isso para não citar o estrondoso sucesso de Mandaloriano na franquia Star Wars). A Warner tem uma mina de ouro nas mãos, e todo o caminho já está traçado. Snyder já deu diversas entrevistas nas quais apresenta seus planos para a sequência da história, como nesta matéria da Vanity Fair e nesta entrevista para o Cinema Blend no YouTube. Em linhas gerais, existe a possibilidade de um épico com os maiores heróis da DC, ousado e diferente. Seria uma pena e uma burrice não aproveitar essa chance.

Já houve um primeiro twittaço poucos dias após a estreia do Snyder Cut que chegou a mais de 1 milhão de tags com a #RestoreTheSnyderVerse. Claro, foi apenas um dia, outros movimentos com certeza virão. Se a Warner e sua controladora AT&T perceberem que há um mercado consumidor relevante, a chance de luz verde cresce consideravelmente.

 Ainda há outro elemento, talvez o mais poderoso até o momento. Aparentemente, Dwayne "The Rock" Johnson, intérprete do vindouro "Adão Negro", estaria interessado em produzir Homem de Aço 2 (você pode ver aqui e ler aqui). Ele é, hoje, um dos mais lucrativos atores de Hollywood. Logo, seus posicionamentos na indústria têm grande influência nas decisões de grandes estúdios. E se The Rock quer um filme pra entrar na trocação franca com o Henry Cavill, como alguém pode ousar negar?

É claro que é mais difícil fazer um filme do zero do que finalizar efeitos especiais de um corte já gravado e adicionar algumas cenas. Mas isso não nos impede de tentar. Como disse Bruce Wayne:

"Fé, Alfred. Fé."



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Liga da Justiça, o bendito "DC Extended Universe" e as inevitáveis comparações com a Marvel

Primeiramente, (Fora, Temer!) boa noite!

Depois de 2 anos sem postagens, deu vontade de escrever, então cá estou!

E sim, como dá pra perceber pelo título, estou aqui pra ser a 21186512ª pessoa a falar sobre o famigerado tema "e a DC no cinema, hein??".

Bom, de antemão, aviso logo que tenho (ao que parece) uma opinião diferente daquela que a maioria das pessoas aparenta ter. Enquanto a maioria do público adora todo e qualquer conteúdo cinematográfico produzido pela Marvel/Disney e tem enorme resistência aos filmes lançados pela DC/Warner desde "O Homem de Aço", lançado em 2013, eu gosto muito de praticamente todos os longas que vêm formando o chamado DCEU (exceção a Esquadrão Suicida, que eu realmente acho meio fraquinho).

Pra tentar ficar mais organizado, vou fazer por tópicos...

A Marvel e a receita que deu certo até demais

Em primeiro lugar, é bom dizer que eu gosto da Marvel. Acho inacreditavelmente imbecil e infantiloide essa rixa "Marvel x DC".

A Marvel acertou demais quando resolveu começar o universo compartilhado no cinema. Não podendo usar os personagens "classe A" como Homem-Aranha, X-Men e Quarteto Fantástico, resolveram apostar no Homem de Ferro, acreditando que conseguiriam um filme redondo, envolvente, divertido, bem feito e com um ator que incorporou perfeitamente o personagem (talvez até por ter personalidade parecida com o Tony Stark).

Todos nós compramos a ideia inédita de histórias interligadas de diversos personagens culminando em filmes de equipe, como Vingadores 1 e 2, Capitão América - Guerra Civil, e os vindouros Vingadores - Guerra Infinita - Partes 1 e 2.

São 9 anos de inúmeros filmes muito bem recebidos por público e crítica, todos seguindo de certa forma o mesmo padrão, com cores um tanto vibrantes, momentos cômicos espalhados por toda a trama pra aliviar momentos mais dramáticos e maior tensão (muitas piadas boas, diga-se), histórias sem muitos furos... Enfim, 9 anos entretendo público e agradando a crítica especializada, o que chama ainda mais público pras salas de cinema.

Repito: 9 anos de filmes. NOVE ANOS. Usando basicamente a mesma fórmula pros seus filmes, apelidada de "fórmula Marvel". Aqui a coisa começou a se perder um pouco pra mim. São muitos filmes e é muito tempo com pouca variação. No MEU gosto, começou a ficar repetitivo, até um pouco cansativo. Depois de 3 filmes do Homem de Ferro, 2 do Thor (sem incluir Ragnarok ainda), 3 do Capitão América, e 2 dos Vingadores, o único "ar fresco" que tive foi quando assisti Capitão América 2 - O Soldado Invernal, que é bem mais puxado pra ação e um pouco de thriller político do que pra comédia.

Mas isso tudo é só a minha opinião, e eu sou minoria. A receita continua com ótima receptividade de todos, e isso afeta diretamente qualquer filme do gênero que vá ser lançado. E é aqui que quero entrar no tema principal.

A DC nos cinemas até hoje: desde Homem de Aço até Liga da Justiça

Aqui já começou com polêmica. Depois da má recepção de Superman Returns, dirigido por Bryan Singer ainda em 2006, a Warner quis aproveitar a altíssima popularidade de Christopher "Pai" Nolan (adquirida pelo trabalho na trilogia que salvou o Batman do ridículo dirigido por Joel Schumacher) pra produzir um novo filme do kryptoniano. Ele foi produtor executivo e ajudou no desenvolvimento da história e do roteiro junto com David S. Goyer, enquanto Zack Snyder foi escolhido para a direção.

A ideia era dar uma abordagem realista e "pé no chão" do Super. Como seria ter no nosso mundo um alienígena tão poderoso? Como as pessoas reagiriam? O que aconteceria?  Pessoalmente, essa abordagem me agradou muito. A visão do personagem como uma divindade, um "Messias" pra humanidade (alimentado por imagens muito muito fodas) e como ele AINDA não estava pronto pra isso, e tendo que lidar com um vilão tão poderoso quanto ele e muito mais treinado pra combate (Zod é muito bom, e o Michael Shannon foi o melhor vilão desse universo até hoje) cujo objetivo é destruir a humanidade e reconstruir Krypton na Terra ("Os alicerces precisam ser construídos sobre alguma coisa." [ZOD, General]). Era óbvio que a destruição em massa na luta entre os dois seria enorme e me surpreendeu muito (pro bem) a decisão de o Super matar o Zod. Lembrando: ele ainda não era mesmo o Superman que todo mundo conhecia do Christopher Reeve. E quando ele mata o Zod, ele faz uma escolha que acho muito foda: ele prefere acabar com todas as chances de a espécie dele renascer pra adotar uma espécie que não é a dele e ele sequer sabe se vai aceitá-lo quando souber da sua existência. Heroico pra caralho!

Então, 3 anos depois, veio o divisor de águas: Batman vs Superman - Dawn Of Justice (sim, tá em inglês porque o título fica bem melhor haha). Veio como uma sequência direta dos eventos de Homem de Aço, com Bruce Wayne testemunhando e sofrendo com toda a destruição da luta entre Super e Zod. Aqui eu vejo o seguinte: essencialmente, é a história da morte do Superman. Se você vai contar essa história, não tem como ser leve, alegre, cheia de momentos de alívio cômico (que, aliás, existem!). O Super, apesar de se esforçar ao máximo e salvar gente em todos os cantos, é terrivelmente contestado por "ações unilaterais" e por ser constantemente incriminado por armações do Lex Luthor. Aí entra o Batman. Lex vê o homem-morcego como uma arma pra destruir o Clark, e usa de armações a manipulações pra fazer com que o Batman visse o kryptoniano como uma ameaça real que não hesitaria em matar quem o contestasse. Com o desenrolar da história (bem amarrada, especialmente se você assistir a versão do Zack Snyder, covardemente retalhada pela Warner) e a solução encontrada pro fim do confronto entre os heróis (não vou aprofundar, mas DEUS SALVE MARTHA), o Superman mais uma vez faz um sacrifício pra salvar o mundo. Ele sacrifica a própria vida pra derrotar o Apocalypse e salvar o mundo que tanto o questiona e teima em rejeitá-lo. Aqui vem o principal ponto da história: a partir de sua morte, Superman salva o mundo e passa a ser aceito pela humanidade, que viu o tamanho do seu sacrifício em prol desta. E isso ainda é o que serve pra restaurar a fé e vontade de lutar em um Batman bruto, desiludido e sem esperança. E aqui eu dou os méritos pro Zack Snyder: a morte do Superman e o modo como ele se tornou uma inspiração, um símbolo de esperança (afinal é isso que quer dizer o "S" no peito haha)... Tudo isso veio da visão do diretor. Aliás, por causa de todo o pessimismo que permeia a maior parte do filme, a maioria das pessoas reclama que "os heróis não são heróis". Sério?? Superman dá a vida pra salvar um mundo em que metade das pessoas o rejeita; Batman reencontra sua humanidade perdida e finalmente "salva sua mãe" (sinto muito por quem não entendeu assim), além de enfraquecer Apocalypse o suficiente pro Super destruí-lo; e Mulher-Maravilha aparece fodalhona com aquela trilha sonora fodaralha pra salvar o Batman e segurar o Apocalypse no lugar pro Super acabar com ele. E no final, Bruce ainda vai convencer Diana de que vale a pena lutar pra salvar o mundo e seguir o exemplo dado pelo Clark ("Eu falhei com ele em vida. Não falharei na morte."). Jura que precisa de mais heroísmo que isso????

Depois veio Esquadrão Suicida... Aqui eu serei breve, não porque não achei grandes coisas, mas porque ele em quase nada acrescenta ao DCEU. Claro, temos vários vilões de diferentes personagens, participações de Flash e Bruce Wayne/Batman (inclusive colhendo informações sobre futuros integrantes da Liga da Justiça). Mas, a rigor, não acrescenta quase nada aos arcos dos personagens principais, motivo pelo qual acho um tanto dispensável. Minha crítica aqui, mais uma vez, vai pro estúdio: a Warner havia soltado um primeiro trailer maravilhoso do filme na Comic-Con de 2016, com um clima soturno, sério, uma trilha sonora fodaralha dando todo o clima. Mas graças à recepção dividida (mais pra mal do que pra bem) de BvS, a Warner claramente mudou a estratégia de marketing do filme e tom do mesmo, diminuindo o tom sombrio e sério e cortando diversas cenas.

Então, tivemos Mulher-Maravilha. A única unanimidade lançada até hoje pela DC/Warner. Gal Gadot foi muito bem escalada pro papel (desde BvS), fizeram ótima escolha ao colocarem Patty Jenkins na direção e história é redonda, segura e bem construída (justiça seja feita, com colaboração de Zack Snyder também). O filme tem um tom mais leve e mais bem-humorado que seus predecessores, como era de se esperar no filme de origem de uma personagem ingênua, que acredita piamente na bondade das pessoas e se apresenta como defensora de tudo o que é bom. A própria diretora deu diversas declarações afirmando que é fã dos filmes do Superman de Christopher Reeve, usando-os como inspiração para o seu filme. Deu muito certo.

Por fim, Liga da Justiça. O filme veio como uma continuação direta de BvS, no qual Batman e Mulher-Maravilha se incumbem da tarefa de juntar pessoas com poderes especiais para lutarem contra o Lobo da Estepe, um "capanga" do chefão da porra toda, Darkseid. Mais uma vez dirigido por Zack Snyder (com cenas extras escritas e dirigidas e finalizado pelo Joss Whedon) e com roteiro de Chris Terrio (mesmo de BvS) e Joss Whedon. A mudança de tom é óbvia e esperada, não só pela experiência com seu antecessor, mas anunciada pela própria equipe criativa do filme ainda quando BvS estava às vésperas de ser lançado. Terrio e Snyder já havam falado que Liga seria mais leve aventuresco, como uma "louca aventura espacial inspirada em Jack Kirby", palavras do próprio Snyder (Kirby, inclusive, foi o criador dos Novos Deuses, personagens da DC, dentre os quais se inclui o vilão Darkseid). Mas não é só pela "aventura" que o filme é mais leve e mais bem-humorado...

SPOILERS SOBRE LIGA DA JUSTIÇA

Trata-se de uma história de ressurreição. Como era de se esperar, não há Liga da Justiça sem o Superman. Aqui, o Super ressurge e finalmente completa o seu arco: depois de assumir a capa vermelha, abdicar de suas origens em prol da humanidade e dar a sua vida por esse povo, aqui ele ressurge como o "farol de luz", o símbolo vivo de esperança que Jor-El tanto esperava. Não só ele, mas vemos um Batman renovado desde o fim de BvS, Mulher-Maravilha assumindo papel de protagonismo e liderança na Liga após o trauma de perder Steve Trevor na 1ª Guerra Mundial, Flash sendo o alívio cômico (por vezes até um pouco exagerado, na minha opinião) e brincalhão empolgado com os heróis que o cercam, Cyborg deixando um pouco seus conflitos de lado para salvar seu pai e Aquaman aceitando (um tanto relutantemente) seu dever de herói e futuro rei de Atlântida.

Enfim, apesar de alguns problemas com algumas coisas do filme (CGI um pouco mal feito pra esconder o bigode do Henry Cavill, piadas meio sem graça), vejo o tom como um acerto. Mesmo com a adoção de um tom mais "sombrio e realista" (raiva desse clichê) no início do e universo, acho que tudo faz parte de uma evolução natural dos próprios personagens, desde o momento em que eles são retratados no início até a culminação de heroísmo em Liga da Justiça.

As inevitáveis comparações

Bem se vê a diferença nítida de tratamento e ideias dos dois estúdios. A Marvel/Disney teve uma ideia clara desde o início e que foi mantida com pontuais e levíssimas variações, já que foi muito bem recebida por público geral e críticos de cinema.

A DC/Warner, por outro lado, apostou no início em uma visão diametralmente oposta, jogando heróis consagrados em um mundo "real", com todos os problemas que vivenciamos e imaginando como eles se inseririam neste contexto.

Me agrada mais a abordagem da DC. Não só porque gosto muito mais dos seus personagens, mas porque, como disse lá em cima, a Marvel faz filmes com a mesma "fórmula" há mais de 9 anos. Pra mim, a proposta de sua concorrente oferece algo diferente, ousado e "fresco".

E agora, DC?

Acompanhando um pouco as notícias que saem, parece que nem a própria Warner sabe o que fazer.

Liga da Justiça não vem recebendo tantas críticas positivas quanto se esperava, o que fez com que arrecadasse menos do que se esperava no fim de semana de estreia nos EUA.

De concreto, teremos Aquaman no fim de 2018, Mulher-Maravilha 2 e Shazam.

Rumores sobre Gotham City Sirens, Asa Noturna, Batgirl e Exterminador. Também não se sabe se Ben Affleck continuará no papel de Batman, inclusive no filme solo que será dirigido por Matt Reeves.

Como fã, acho tudo isso um pouco preocupante. Seria muito melhor se houvesse a mesma segurança transmitida por Marvel/Disney por meio do seu chefe criativo Kevin Feige.

Vejamos o que acontece...







quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Grammy 2016 - Gravação do Ano

Continuando a série de posts sobre o Grammy, hoje é dia de falar da categoria de gravação do ano, que premia a melhor música do ano.

Nos últimos anos, a vencedora da categoria tem sido uma música com uma boa recepção da crítica e que tenha feito um grande sucesso com o público. Foi assim com "Stay With Me", do Sam Smith, esse ano, com "Get Lucky" em 2014 e "Somebody That I Used to Know", em 2013.

Esse ano, a categoria tem 4 mega hits ("Uptown Funk", "Can't Feel My Face", "Blank Space" e "Thinking Out Loud") e apenas uma música mais desconhecida ("Really Love").

Começando pela mais desconhecida, "Really Love" é uma música do D'Angelo - cantor de r&b, que não lançava nada inédito há anos - e está no álbum "Black Messiah", que eu estava apostando que estaria indicado à álbum do ano, porque foi um dos discos mais aclamados pela crítica em 2015, mas enfim, escolheram uma música, muito boa, diga-se, para entrar na disputa de gravação do ano. "Really Love" tem uma pegada meio jazz, com um walking bass e um ótimo solo de violão, com o D'Angelo entrando para cantar com quase dois minutos de música. É definitivamente uma excelente música, e preencheu a vaga que estava faltando na categoria, já que as outras quatro músicas provavelmente seriam - e foram - os 4 hits citados. Apesar de não achar que tenha chances de levar o prêmio, é sempre legal ver que os eleitores do Grammy não estão de olho somente naquilo que fez muito sucesso, o que é quase uma praxe nas premiações musicais (VMA, American Music Awards, etc.).



Passando aos hits, realmente não há muito que possa ser dito sobre eles, já que todo mundo ouviu essas músicas e sabe o quanto elas são boas.

"Can't Feel My Face", do The Weeknd, é um ótimo r&b com influências pop, tendo um refrão muito bom e um instrumental moderno que casam muito bem com a voz do Weeknd. A música liderou as paradas americanas e é, com toda certeza, a melhor do álbum "Beauty Behind The Madness", que eu comentei no post dos indicados a álbum do ano.



Outra música que vem de um álbum indicado a melhor do ano é "Blank Space", do "1989" da Taylor Swift. Além de ter sido um grande sucesso, a música agradou também os críticos, principalmente com as referências na letra ao tratamento dado pela mídia às aventuras amorosas da maior popstar da atualidade. Eu gosto muito do modo como a música é praticamente falada nos primeiros versos e não tem como negar que o refrão pega. No entanto, acho que a música não tem muitas chances nessa categoria (não que seja culpa dela, existe um franco favorito), mas eu diria que, como o forte da música é a letra, ela é uma fortíssima candidata a "canção do ano".



"Thinking Out Loud", do Ed Sheeran, é a música que fez sucesso mais cedo, até porque foi lançada ainda no ano passado. É uma bela balada pop, talvez seja a música mais tocada nos casamentos desse ano (não, Maroon 5, invadir casamentos pra promover sua música não conta), e é realmente uma das melhores músicas pop desse ano.



Mas não existe outra favorita esse ano além de "Uptown Funk", música do Mark Ronson com participação do Bruno Mars. Você provavelmente já ouviu essa música tanto que pode até estar cansado dela, mas não há como negar que é indiscutivelmente a melhor música de 2015. O refrão é espetacular, o instrumental eletro-funk, com muitas referências ao funk/disco music do final da década de 70, também é sensacional, e é impossível ficar indiferente quando a música começa a tocar.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Grammy 2016 - Álbum do Ano

Semana passada foram anunciadas as indicações para o Grammy Awards, a maior e mais importante premiação de música do mundo. A partir de hoje vou fazer uma série de postagens tratando das principais categorias da premiação, começando, aqui, com os indicados a álbum do ano.

A categoria de álbum do ano é a mais prestigiada da premiação, e mesmo com uma grande queda nas vendas de discos (a não ser que seu nome seja Adele), com o consumo cada vez maior de singles, ela continua sendo importantíssima. Atualmente, eu diria até que há um novo fôlego para os álbuns, fruto do sucesso dos serviços de streaming, que possibilitam o acesso a uma discografia gigantesca por um valor muito pequeno ou mesmo gratuitamente.
Mas passando às indicações, a Academia de Gravação optou por diversificar bastante os 5 álbuns concorrentes, passeando pelo rock alternativo, o r&b, o pop, o rap e o country. Os escolhidos foram: Sound & Color, do Alabama Shakes; Beauty Behind The Madness, do The Weeknd; 1989, da Taylor Swift; To Pimp a Butterfly, do Kendrick Lamar; e Traveller, do Chris Stapleton.
 
Na minha opinião, analisando a recepção da crítica aos álbuns e a qualidade musical em si, a categoria, apesar de muito bem representada, já tem um vencedor claro, que é To Pimp a Butterfly. O disco, que sucedeu o já muito aclamado Good Kid, M.A.A.D. City, foi além das letras bem pessoais do álbum citado, abordando de forma espetacular os problemas das periferias e dos negros nos Estados Unidos - que não são tão diferentes dos problemas dessas minorias no resto do mundo. Músicas como "How Much a Dollar Cost", "The Blacker The Berry" e "Complexion (A Zulu Love)" retratam bem essa temática, que continua nas excelentes "i", "King Kunta", "These Walls" e "Alright", que são mais "animadas". O disco tem uma sonoridade muito baseada no funk (o americano) e no jazz, o que é cada vez mais incomum no rap mainstream. Falando na crítica, é o álbum melhor avaliado nesse ano de 2015 - dados do Metacritic, e com certeza será lembrado como um dos clássicos do rap.

Os álbuns mais pop que foram indicados são os trabalhos da Taylor Swift e do The Weeknd. O primeiro é uma máquina de hits: Shake It Off, Blank Space, Bad Blood, Wildest Dreams, Style, etc. E o Grammy é apaixonado pela ex-cantora country, que já foi premiada algumas vezes e sempre tem seus álbums indicados à melhor do ano - o último, Red, perdeu pro retorno do Daft Punk com Random Access Memories. Já o segundo é talvez a grande "revelação" do ano - apesar do The Weeknd já ter um nome mais ou menos consolidado antes do lançamento do Beauty. É um álbum de r&b muito bem produzido, com músicas excelentes (destaque para Can't Feel My Face), mas não acho que tenha chances de levar o prêmio.

Os outros dois álbuns, Sound & Color e Traveller, são mais desconhecidos do grande público, mas não ficam atrás de nenhum concorrente em termos de qualidade musical. Sound & Color é a consolidação do Alabama Shakes como uma das grandes bandas de rock da atualidade, e Traveller, disco de estreia do Chris Stapleton, é uma prova de que o country americano continua produzindo grandes artistas. Eu, inclusive, não conhecia o Chris até ver a apresentação dele no Coutry Music Awards, com o Justin Timberlake, e depois da indicação à álbum do ano, fui procurar o disco e é excelente, com músicas que também fogem um pouco do country mais popular por lá, que como o sertanejo daqui, prefere temas como bebida, festa e mulher.

A categoria está muito bem representada, Kendrick é o franco favorito, mas vale a pena escutar os cinco álbuns porque eles estão recheados de música boa para todos os gostos.

Na próxima postagem, gravação do ano. Não percam!!!

domingo, 16 de agosto de 2015

Recomendações musicais #3

Voltando a dar dicas musicais, hoje temos um lendário grupo do rap, uma artista de rock alternativo sensacional, a volta de uma sensação do rap de 2013 e duas performances ao vivo que já entraram pra história:

1 - Straight Outta Compton - N.W.A.: O "grupo mais perigoso do mundo" voltou a estar em evidência com o lançamento do filme Straight Outta Compton, que conta a história do N.W.A (formado por Dr. Dre, Ice Cube, Eazy-E, Mc Ren e Dj Yella), e cujo título faz referência ao álbum homônimo de estreia do grupo, que também é o nome da música que eu estou sugerindo aqui. O N.W.A. é conhecido pelas letras que retratam a realidade da vida dos negros nos bairros/cidades pobres dos EUA, mas especificamente Compton, que fica na região de Los Angeles, e de onde o grupo surgiu.

2 - Digital Witness - St. Vincent: A música é single do álbum vencedor do grammy de melhor álbum de música alternativa em 2015, sendo considerado um dos melhores álbums do ano de 2014. Essa música mostra muito do trabalho da St. Vincent (sim, é uma artista solo).

3 - Growing Up (Sloane's Song) - Macklemore e Ryan Lewis feat. Ed Sheeran: Eles foram a grande sensação do ano de 2013, com os mega hits "Thrift Shop", "Same Love" e "Can't Hold Us", além de ganhar os grammys de revelação e melhor álbum de rap, batendo inclusive o Kendrick Lamar (pode ter sido um grande erro, mas K-Dot também já tem seus grammys, então menos mal). Dessa vez, a dupla se junta ao Ed Sheeran para essa música que homenageia a filha do Macklemore, e trata de como ele espera criar a criança e vê-la crescer.

4 - While My Guitar Gently Weeps - Prince, Tom Petty, Jeff Lyne, Dhani Harrison e outros: Essa é uma versão ao vivo da música do Álbum Branco dos Beatles, composta pelo George Harrison e com solos (na versão original) do Eric Clapton. Essa versão é do dia da nomeação do George ao Rock n Roll Hall of Fame, e é bem parecida com a original, pelo menos até o Prince resolver mostrar seus talentos com a guitarra...

5 - Queen ao vivo no Live Aid: O festival que angariou fundos para ajudar a combater a fome na África aconteceu há 30 anos, e foi nesse festival que a banda Queen fez um de seus show mais espetaculares. A apresentação é relativamente curta (pouco mais de 20 min), mas vale mais que muitos shows "inteiros".

Por hoje é isso e fiquem atentos para mais dicas musicais por aqui!



terça-feira, 11 de agosto de 2015

Quem vai tocar no show do intervalo do Super Bowl 50?

Ontem eu falei sobre as minhas apostas sobre os times favoritos a chegarem ao Super Bowl na próxima temporada da NFL. E é um Super Bowl especial, já que é o 50º Super Bowl. Em finais "normais", o show do intervalo já é um evento muito especial e concorrido. Se o Super Bowl é o evento de maior audiência nos Estados Unidos, o show do intervalo normalmente tem uma audiência ainda maior que a do jogo em si, e é uma oportunidade única se apresentar nesse evento, tanto que ano passado surgiram rumores de que a NFL estaria cobrando dos artistas (!!!) para que eles se apresentassem. A artista que se apresentou ano passado, Katy Perry, nega que tenha pago qualquer valor.

* Michael Jackson "inaugurou" a "era moderna" dos show de intervalo do Super Bowl em 1993

Nos últimos anos, desde 2011, a NFL vem apostando em artistas pop de sucesso, começando em 2011 com o Black Eyed Peas, e passando por Madonna, Beyoncé e Bruno Mars até chegar à Katy Perry no ano passado. Antes disso, a NFL vinha apostando em nomes já consagrados da música, muito por causa do famoso "nipplegate", quando em 2004 o Justin Timberlake acidentalmente rasgou a roupa da Janet Jackson e deixou seu seio a mostra por alguns segundos (suficientes para causar uma tragédia inclusive na carreira da irmã do rei do pop). Após o "nipplegate" passaram pelo show do intervalo o Paul McCartney, os Rolling Stones, o Prince, o The Who e o Bruce Springsteen, com um inusitado show do RBD - sim, Rebeldes - em 2008.


A virada pop a partir de 2011 deixou muitos fãs da NFL chateados, com muitas reclamações a cada artista pop que é anunciado ano após ano, e esses fãs pedem que a NFL volte a trazer artistas da velha guarda para o show do intervalo, mas pelo visto a aposta em artistas atuais de sucesso está sendo lucrativa pra liga, já que a fórmula não é modificada (apesar de sempre existir uma ou outra participação de artistas mais "velhos", como foram os Red Hot Chili Peppers em 2013 e Lenny Kravitz e a rapper Missy Elliott ano passado).



Então, considerando esse breve histórico, acho que a tendência da NFL é apostar em um superstar atual com a participação de nomes mais consagrados, inclusive misturando estilos. Assim, algumas das opções naturais seriam:

1 - Taylor Swift, Kendrick Lamar e convidado(s): A Taylor é a maior estrela pop do momento, sem sombra de dúvida, e poderia trazer alguns convidados para agradar outros públicos, como o rapper Kendrick Lamar, que é sucesso de crítica e público, para apresentarem "Bad Blood", e mais algum nome da "velha guarda", seja do country, estilo de origem dela, ou do rock.

2 - Rihanna, Kanye West, Jay-Z e Paul McCartney: Rihanna é uma das maiores estrelas pop desse século, e poderia agradar a fãs de rap com alguma de suas parcerias com seu "padrinho" Jay-Z e com Kanye, com quem já trabalhou em "All of the Lights" e "FourFiveSeconds", esta última com participação do ex-Beatle Paul McCartney, o que agradaria o pessoal mais voltado pro rock.


3 - Foo Fighters e convidado(s): Dave Grohl é um dos caras mais legais do mundo da música, e certamente sua banda poderia fazer um show marcante mesmo sem nenhuma participação especial. Mesmo assim, eles conseguiriam trazer algum outro grande nome da música, já que Dave e o Foo Fighters já tocaram com nomes como o próprio Paul McCartney e os ex-Led Zeppelin Jimmy Page e John Paul Jones, e a lista não acaba.

É claro que eu poderia trazer outros nomes, como Ed Sheeran, Pharrell, Eminem (nunca tivemos um show só de rap e talvez ele seja alguém capaz de lidar com esse peso) e Coldplay (que inclusive esteve cotado ano passado). A liga pode ainda apostar em um show mais "conservador", chamando algum nome que já tenha sido atração e tenha agradado comercialmente, mas não acho que esta seja a intenção da liga, ainda mais em se tratando de artistas que se apresentaram recentemente.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A NFL está voltando!!!

É, esse final de semana aconteceu o primeiro jogo de pré-temporada da NFL, entre o Minessota Vikings e o Pittsburg Steelers. Teremos mais 4 finais de semana de jogos de preparação até que a temporada regular comece pra valer em setembro.  Ainda é cedo pra se falar muito, mas certamente já podemos fazer algumas previsões sobre as equipes favoritas a brigarem por uma vaga no Superbowl 50, que deve ser, por si só, histórico. 

Como a NFL é dividida entre a AFC e a NFC, vou falar sobre os favoritos de cada conferência nesse post, começando pelos time da NFC:

1 - Seattle Seahawks: depois de perder o Superbowl por 1 jarda ano passado, a equipe de Seattle está ainda mais forte no seu ataque, com a adição do TE (tigh end) Jimmy Graham, ex-New Orleans Saints e um dos melhores da liga. A equipe continua fortíssima na defesa, sob o comando de Richard Sherman, Kam Chancellor e Earl Thomas III. Marshawn Lynch parece ainda ter muita lenha pra queimar e Russell Wilson, com contrato renovado, é plenamente capaz de levar a equipe de Seattle ao Superbowl mais uma vez.

2 - Green Bay Packers: A equipe do Wisconsin é a mais forte da conferência nacional, junto com os Seahawks, e contam com o melhor quarterback da atualidade, Aaron Rodgers. O time de wide receivers continua excelente - Jordy Nelson é o maior destaque - e o running back Eddie Lacy deve continuar o bom ano que teve na última temporada. Na defesa o time segue muito forte, com Clay Matthews sendo seu principal nome, e talvez o maior ídolo atual da franquia multi-campeã.

Com essas duas equipes se destacando muito em relação ao resto da divisão, acho que é muito difícil que outra franquia chegue ao Superbowl pela NFC, mas eu apostaria em alguns times para "correr por fora" na Conferência:

- Dallas Cowboys: a excelente linha ofensiva ajuda Tony Romo a ter muito tempo para pensar e sua última temporada refletiu isso. Além disso, Dez Bryant é um dos melhores recebedores da liga e vale ficar atento pra ver se a linha ofensiva vai conseguir consagrar mais um running back. Se tudo estiver nos conformes o time deve ganhar sua divisão e tentar algo mais na pós-temporada.

 - Arizona Cardinals: apesar de ser difícil desbancar o Seahawks na divisão, o time de Phoenix é muito forte e ano passado, mesmo com diversas lesões, fez uma campanha decente. Esse ano, com Carlson Palmer saudável, municiando Larry Fitzgerald e Michael Floyd, e a adição do Mike Iupati na linha ofensiva, além de uma defesa muito competente comandada pelo cornerback Patrick Patterson, acho que o time é figurinha carimbada no wild card, e pode até conseguir algo a mais.

- Outros times que podem surpreender: Detroit Lions (com Megatron saudável), Minessota Vikings (vamos ver como o Adrian Peterson volta), Philadelphia Eagles (veremos se DeMarco Murray é ou não "invenção da linha ofensiva dos Cowboys), Atlanta Falcons e Carolina Panthers.

Na AFC, o panorama é o seguinte:

1 - New England Patriots: o atual campeão do Superbowl terá o desfalque do Tom Brady pelas primeiras 4 rodadas da temporada, por causa das polêmicas com o esvaziamento das bolas na final de conferência contra o Indianapolis Colts. Apesar disso, o time manteve a base campeã, e com Rob Gronkowski e um belo time de recebedores, além de um grande treinador, pode se sair muito bem mesmo jogando sem Brady nas primeiras rodadas. O grande desfalque da equipe da defesa foi a saída do cornerback Darelle Revis, que retornou ao New York Jets. Apesar da divisão ter subido bastante de nível da temporada passada pra esta (Revis nos Jets, Suh nos Dolphins e McCoy nos Bills), os Patriots ainda estão muito acima dos rivais, e não devem ter dificuldades para irem à pós-temporada como campeões de divisão.

2 - Indianapolis Colts: Comandados pelo talentosíssimo quarterback Andrew Luck e com o reforço do ótimo wide receiver Andre Johnson, o time deve seguir tendo um dos melhores ataques da liga, com Luck fazendo números excelentes por mais um ano. A fragilidade dos adversários de divisão - o Texans de JJ Watt até pode surpreender, mas Titans e Jaguars são deploráveis - ajuda bastante a equipe, que certamente irá aos playoffs, a não ser que aconteça alguma desgraça.

3 - Denver Broncos: As questões acerca do longevidade de Peyton Manning e a mudança no comando técnico da equipe podem fazer dos Broncos um pouco menos favoritos do que nos últimos anos, mas ainda assim são os favoritos em sua divisão e têm um time muito balanceado, recheado de armas ofensivas e com bom nomes defensivos. Resta saber se Manning terá forças para levar o time longe na pós-temporada.

4 - Baltimore Ravens e Pittsburg Steelers: Rivais de divisão, talvez na divisão mais equilibrada da NFL, os times podem fazer excelentes campanhas, tanto na temporada quanto nos playoffs. Os Ravens tem um dos - se não o - times mais equilibrados da liga, e Joe Flacco já mostrou que é capaz de levar o time longe. Os Steelers têm muita força ofensiva, com Big Ben e Antonio Brown sendo uma das melhores duplas de quarterback-wide receiver da atualidade, e com Le'veon Bell sendo um grande desafogo no jogo corrido.

Além desses times, "correm por fora":

- Kansas City Chiefs: Jamaal Charles é espetacular, e Justin Houston comanda uma defesa muito competente. Se Alex Smith conseguir desenvolver um bom jogo aéreo (quase inexistente ano passado) o time tem plena capacidade de chegar aos playoffs, ainda que pelo wild card.

- Cincinatti Bengals: A.J. Green comanda o ataque, e o time vem sempre chegando aos playoffs, apesar de não conseguir ganhar na pós-temporada. Terão uma forte concorrência na divisão, a mesma de Ravens e Steelers, o que pode complicar na luta pelo wild card.

- Outros times que podem surpreender: Miami Dolphins (será que Suh era a peça que faltava ao time de Miami dar um passo a frente?), San Diego Chargers (se as lesões não atrapalharem, Phillip Rivers e companhia podem chegar aos playoffs), Houston Texans (JJ Watt é o melhor jogador de defesa da liga e com Clowney - grande promessa do College - saudável, a defesa pode ser muito temida) e Buffalo Bills.